No primeiro jogo do Brasil da Copa de Futebol na África do Sul contra a Coréia do Norte, o público pode soltar seu grito de alegria ao observar a improvável trajetória que a bola fez ao balançar a rede do adversário. Maicon chutou a menos de um metro da linha de fundo e converteu um belíssimo gol praticamente sem ângulo! Como aquele gol aconteceu? Como a Jabulani fez aquela curva lateral tão fechada? Ninguém jamais pensou que pudesse fazer um gol assim!
Para entender as incríveis trajetórias que a bola faz numa partida de futebol não basta descrevê-las como lançamentos de projéteis, onde a bola é encarada como um objeto sem dimensão. Na maioria das vezes esta aproximação não prediz ou se quer explica o caminho que a bola percorreu. É necessário considerar mais detalhes, como o tamanho, as costuras, as ranhuras, entre outros aspectos da bola. O modelo físico deve considerar o movimento de translação e também o de rotação da bola em torno de um dos seus eixos. Num jogo real de futebol, a bola quando em vôo está sujeita além da força gravitacional, a ação de forças dissipativas como a resistência do ar, entre outras. O ar pode ser entendido como um fluído que tem viscosidade e exerce pressão nos objetos que nele estão imersos. Assim, a força aerodinâmica resultante que o ar exerce na bola pode ser decomposta na força de arrasto, que tem direção anti-paralela a velocidade translacional da bola, e a força Magnus que atua perpendicularmente a direção de deslocamento deste corpo. A força Magnus é a responsável pelos chamados chutes de efeito e está relacionada ao movimento de rotação da bola.
Se a bola girar na direção contrária ao lado que o jogador chutou, ao se deslocar no meio, provocará uma área de baixa pressão para o lado em está girando e no lado oposto de alta pressão, desse modo que, a bola é “sugada” para direção de menor pressão, resultando num desvio continuo da trajetória até o fim do movimento.
Os físicos Derek Leinweber e Adrian Kiratidis, da universidade de Adelaide na Austrália, fizeram alguns testes com a Jabulani, e concluíram que devido a sua textura com pequenos sulcos e aero ranhuras, fazem criar uma turbulência em torno dela suficiente para sustentá-la no ar numa distância maior que as outras bolas. Além disso, eles a avaliaram como uma bola “mais rápida” e mais dura. Graças a essas características esperam que a Jabulani faça mais curva do que qualquer outra bola. E foi exatamente isso que a gente viu no gol do Maicon - o efeito Magnus numa curta distancia.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
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