sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A ciência por trás de um dos maiores arremessadores de basquete do mundo

                         Matéria de Thomás Amaral Macario, graduando do Instituto de Física da UERJ.


Em uma partida de basquete, é possível fazer cestas que valem 3 pontos, 2 pontos ou até mesmo 1 ponto. Um arremesso a partir da linha que está há 6,75m, chamada "linha dos 3 pontos", é o mais difícil de se converter devido à maior distância do atleta para a cesta. Porém, mesmo com tamanha dificuldade, há atletas que se especializam em tal arremesso, um desses atletas é o ex-jogador de basquete Ray Allen.


Nascido em 20 de julho de 1975 nos Estados Unidos, Ray Allen é um ex-jogador de basquete profissional duas vezes campeão da NBA por dois times diferentes. Ray Allen construiu sua carreira com base em sua especialidade, o arremesso para 3 pontos. Dentre diversos lances e arremessos, pode-se dizer que seu arremesso contra o San AntonioSpurs, na final da NBA em 2013, foi um dos mais importantes de sua carreira. Nesse arremesso, o atleta converteu uma bola de 3 pontos nos últimos 5 segundos de jogo, proporcionando o empate e consequentemente a prorrogação, que posteriormente terminaria com uma vitória do Miami Heat, seu time.

Mas o que tornava Ray Allen tão bom em seus arremessos?
Além de muito treino, obviamente, a Física por trás de seus arremessos era muito importante para seu aproveitamento. Ray Allen arremessa, em média, com uma angulação entre 46º e 50º graus da bola para a cesta, com um tempo de arremessos(o tempo no qualo atleta leva para pegar a bola com suas mãos e terminar toda a mecânica de arremesso) de 0.7 segundos, com a bola há uma distância de 2,70 metros do chão, no ápice de seu salto. Sabe-se que para alcançar a maior distância possível em um lançamento oblíquo é preciso que o lançamento comece há um ângulo de 45º graus. 

Querendo alcançar a mesma distância, porém começando o lançamento com um ângulo bem menor ou bem maior que 45º graus, será necessário aplicar uma força maior que na situação anterior, para que o corpo no lançamento saia com uma velocidade inicial maior compensando a angulação do arremesso. O mesmo serve para um arremesso no basquete. O ideal é que a bola saia das mãos dos atletas com uma angulação de 46º a 48º graus em relação à cesta (angulação essa que será explicada melhor no próximo parágrafo) para que possa alcançar uma altura e uma distância suficientemente boa devido a área de contato do aro com a cesta, o que vale a pena ser citado em outra postagem. 

Este ângulo de arremesso no qual o atleta implica está relacionado com a posição da bola em suas mãos no momento do arremesso e a posição da cesta em relação ao atleta. Ao pular para arremessar, o atleta eleva a bola, deixando-a na mesma altura da cesta, estando a bola com grau 0º em relação a cesta.

Voltando ao jogo de 2013 contra o San AntonioSpurs, citado acima. Nesse lance, Ray Allen obteve uma angulação de 48º graus, com um tempo de arremesso de 0.8 segundos, há uma distância de 10 cm da linha de 3 pontos. Percebe-se que os números estão dentro da sua média, dos quais, físicas e matematicamente, seriam próximas ao ideal para o máximo aproveitamento.

Há outros fatores que também afetam no aproveitamento, como a angulação de suas pernas na hora do salto para arremessar, a altura e a velocidade do salto, a rotação por segundo da bola, a distância, altura e envergadura do marcador na sua frente, a área de contato da bola com a cesta, entre outros fatores que cabem serem ditos em outra postagem.

Ray Allen encontrou uma forma de equilibrar os conceitos físicos, biomecânicos e práticos para aprimorar ao máximo seu arremesso, mesmo que a ciência Física não tenha sido estudada por ele. Colocando em prática todos esses conceitos juntos, nos seus treinos, foi possível aprimorar ao máximo e tornar uma ação natural para o atleta.