sábado, 26 de janeiro de 2013

Diferenças ente o futebol de campo e areia

Matéria apresentada no Esporte Espetacular da rede Globo no dia 20 janeiro de 2013.


Médicos, fisiologistas e professores de educação física acompanham jogo da seleção brasileira em praia do RJ, com testes de sangue, resistência e GPS


Eles vivem à beira do mar, com os pés descalços na areia, usam trajes confortáveis e jogam futebol. É difícil imaginar um ambiente mais agradável para ser chamado de local de trabalho. Só que essa situação privilegiada também contribui para alimentar a ideia de que os jogadores da praia têm uma vida fácil ou que o esporte não exije tanto esforço. 

Um pensamento comum é de que a areia ainda é um destino para os atletas que já não aguentam a rotina de treinamentos do futebol de campo. Mas a conclusão de que este é um espaço para quem não está mais em forma já está defasada. Para entender melhor esse universo, o Esporte Espetacular convidou especialistas para comparar as capacidades físicas dos atletas da areia e do campo.
- Esse espectro do jogador velho, acabado, isso está totalmente defasado. Não existe mais na prática. Ele não é um aposentado do campo que já não tinha mais condições e foi fazer um lazer. Esse pessoal tem uma condição física muito privilegiada - disse o médico Claudio Gill.
Se nos gramados, os jogadores são frequentemente estudados por clubes, seleções e universidades, na areia, a informação ainda é escassa. Fisiologistas e professores de educação física acompanharam um jogo da seleção brasileira de futebol de areia para mapear as exigências desse esporte.
O primeiro teste realizado, o antropométrico, avaliou as medidas dos corpos dos praticantes. E o resultado apontou que os percentuais de gordura corporal dos jogadores de areia muito mais próximos aos encontrados no futebol de campo: 10,7% para os que atuam na praia contra 10,5% gastos pelos atletas dos gramados.
Na segunda análise, foram posicionadas duas células fotoelétricas no chão, conectadas a um computador. O cálculo para avaliar a altura do salto e a resistência da musculatura não teve diferenças significativas. A potência e a resistência da perna de um jogador de futebol de areia é equivalente ao dos atletas dos gramados.
- Na areia, a gente força muito sua musculatura, exige mais do músculo. Muita potência e muita força. E como estamos no início de temporada, esse desgaste é ainda maior. Você não para como no futebol de campo.

Durante uma partida, com o auxílio da tecnologia, os estudos detectaram exatamente o que acontece no corpo dos atletas em ação. Com monitores cardíacos, associados a um relógio, é possível verificar como o coração do atleta se comporta durante o jogo. A medição ainda conta com um acessória com sistema de GPS (sistema de posicionamento global). Os receptores de sinais de alta frequência para satélite, determinando a posição exata do jogador dentro de quadra. Assim, o estudos desvendam a distância e a velocidade atingidas. 
Diferenças ente o futebol de campo e areia
Bruno Xavier em ação no jogo-treino da seleção
contra o Flamengo (Foto: Rodrigo Molina)
Nos gramados, um jogador percorre em média 10km por partida. Na areia, ele se desloca menos, no máximo 4km, contudo, com uma intensidade muito mais alta.

- Embora a distância percorrida seja menor, as velocidades de pico são maiores. Ele frequentemente está correndo muito forte. Enquanto no futebol de campo raramente se corre muito forte - destaca o médico.
Se no campo, o atleta anda cerca de 3km, ele passa outros três correndo devagar. Em alta velocidade, acima de 21km/h, corre 1km. Na areia, por sua vez,ele fica em ação o tempo todo, alcançando piques de até 25km.

- Nosso campo é menor, se você der espaço, eles vão fazer o gol. O jogador tem que tirar o perigo rápido, por isso, aperta mais na velocidade. É muita dor na perna, muito cansaço - afirma Bruno Xavier.
A área de uma quadra na praia tem 42m de comprimento e 30m de largura, menos da metade das dimensões dos campos de futebol, com 120m de comprimento e 90m de largura. Correr na areia, no entanto, é bem mais difícil.
- Na areia, a gente corre na ponta do pé. Então, força muito a panturrilha. No campo, já rola aquela passada pisando com todo o pé - analisa Sidney.
A grande diferença são os piques curtos, a intensidade no futebol de areia é maior"
Gustavo, fisiologista
Outra diferença diz respeito aos batimentos cardíacos. No campo, os jogadores passam a maior parte do tempo entre 130 e 150 batidas por minuto, ao contrário da areia, onde o coração dos atletas atuam em uma frequência maior, de 150 a 170 batimentos.
- A grande diferença são os piques curtos, a intensidade no futebol de areia é maior - destaca o fisiologista Gustavo.

Um detalhe importante é o desgaste física que cada atividade provoca. Os atletas gastam energia jogando, e os seus músculos acumulam um resíduo desse esforço físico, o ácido lático. Com pequenas amostras de sangue retiradas do dedo dos jogadores é possível monitorar essa substância. Quanto maior a quantidade de ácido, maior é o cansaço. Nas medições realizadas, foi comprovado que os atletas da areia apresentam uma concentração maior do que os de campo, o que afeta o seu desempenho.
- Se o indivíduo começa a produzir ácido lático, provavelmente a coordenação motora dele é prejudicada. E ele começa a errar mais, a ter mais dificuldade no jogo - aponta Claudio Gill.

É por isso que a regra do futebol de areia não impõe limite para as substituições: o atleta sai quando está esgotado, se recupera e pode retornar.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Os mãos pesadas da Super Liga de Volei


Matéria apresentada no Esporte Espetacular no dia 13 de janeiro 2013.


O Esporte Espetacular analisou a cortada dos atletas da competição de vôlei e chegou a conclusão que esses três têm as pancadas mais forte da liga.

Eles são rápidos, tem a mão pesada, batem forte e deixam os braços dos adversários doloridos. Não, eles não praticam nenhuma luta. Eles batem muito, na bola. Eles são os ‘pancadões’ da Superliga de Vôlei. Entre os homens, Lucão, do Rio de Janeiro, foi eleito o que tem a munheca mais pesada. 


Já no feminino, teve empate entre Herrera, do Praia Clube, e Natália , do Rio de Janeiro. Para chegar aos campeões, o Esporte Espetacular ouviu treinadores, atletas e até um cientista.
O título da mão mais poderosa da competição foi disputado entre os 317 de atletas, dos doze times no masculino e dez no feminino.

O físico Renato Cardoso, da Universidade Federal Fluminense, foi convocado para avaliar os ataques da primeira fase do campeonato. Ele mediu a altura da bola no instante da cortada, a distância percorrida pela bola até bater na quadra e o tempo que levou para tocar o chão. Levou-se em conta ainda o peso da bola, 270 g.

“ Vou matar uma do outro lado (risos). É isso que tento fazer", (Natália).
Depois de ver, rever e fazer muitas contas, a conclusão foi: Natália sobe e bate na bola a uma altura de 2,80 m, com velocidade média de 96 km/h e a bola percorre 9 m até tocar o chão. Já Herrera bate a uma altura um pouco maior, 2,90 m, mas velocidade média é a mesma e o alcance da bola também. Empate!

- Na cortada, tanto a Natália quanto a Herrera aplicaram a força de 357 Newton. Bem pesado, é um soco desgraçado – explicou o físico.
Isso significa que a pancada delas chega a 35 kg!

A líbero Arlene, do clube de Herrera, sabe bem a potência do ataque da companheira de time.
- Bato bola com ela e de vez em quando saio com o braço roxo.
E qual é a motivação para Natália bater tão forte assim?

- Vou matar uma do outro lado (risos). É isso que tento fazer – brincou Natália.
No masculino, o técnico Bernardinho diz que é preciso ter força e controle.
- É preciso que você combine as duas coisas, aí, realmente, você tem uma combinação explosiva.

Após muitas análises, o cientista apresentou os números do grande campeão, Lucão: sobre 3,30 m, faz a bola chegar a uma velocidade média de 101 km/h em 6 m até o solo. Uma pancada dele chega a 43 kg. O que fazer diante de um jogador como esse?
- Aí, meu amigo, é só rezar e proteger os dedos para não perder nada – brinca o levantador Bruninho .

domingo, 13 de janeiro de 2013

Kyrillos é campeão no Motocross Freestyle 2013


Na sua sétima edição, Fred Kyrillos foi o campeão da Copa Brasil de Motocross Freestyle de 2013, disputada na Hípica do Rio de Janeiro.  Na competição mais importante do país desta modalidade, Kyrillos apresentou um número grande de manobras e conseguiu superar o hexacampeão, Joaninha.

Na quinta-feira passada, antes da competição, estive batendo um papo informal com o Kyrillos (veja foto) e pude perceber o quanto este esporte tem de física!

Falamos da arquitetura das rampas de decolagem e aterrissagem, da distancia necessária entre as duas, da suas curvaturas e alturas, da velocidade e ângulo de partida que a moto faz no momento em que perde o contato com a rampa, do tipo de equipamento e seus respectivos materiais que são usados para proteção do atleta, entre outras tantas informações. 
Realmente foi super interessante!
Na verdade, eu estava na Hípica a pedido da Rede Globo, a matéria que gravamos teve como objetivo usar o fato que a competição iria ocorrer no local de salto de cavalos com a unidade física cavalo-vapor (cv). Esta unidade é utilizada para identificar as potencias de motocicletas, que em inglês é traduzida como horse-power, o vulgo hp.  Mas, lamentavelmente esta matéria não foi ao ar, porque no dia seguinte, o piloto Zoio teve um gravíssimo acidente, com traumatismo craniano e foi operado de emergência, sendo assim, não havia clima para brincadeiras e trocadilhos.

Enfim, foi como eu encerrei a minha participação na entrevista, dizendo:
A física básica explica e descreve os movimentos executados pelos pilotos de um ponto de vista das forcas externas que atuam no centro de massa do piloto-moto, entretanto, este modelo é muito simplista para este esporte; porque as forças executadas pelo piloto sobre a moto (não consideradas) é que definirão as manobras e acrobacias no ar.  Deste modo, qualquer pequeno erro, poderá acarretar sérias conseqüências.

Já ia esquecendo:
O cavalo-vapor foi uma unidade que surgiu na Inglaterra no início do século XIX, quando as máquinas a vapor começaram a substituir o trabalho dos cavalos. Então, nada mais razoável que comparar o trabalho dessas novas máquinas com o trabalho dos cavalos. Assim, ficou estabelecido que um cavalo-vapor equivale ao trabalho realizado por um cavalo para erguer um peso de 75kg, a altura de 1m, em apenas 1s. 
Como a moto do Kyrillos tem 53cv, esta é capaz de erguer 4 toneladas, a altura de 1m, em apenas 1s .  Que potência !!!