Depois de muita polêmica, preocupação e aflição, César Cielo conseguiu competir no Mundial de Xangai. A competição organizada pela FINA (Federação Internacional de Natação) entrou para a história do Brasil. Foi a melhor campanha que já tivemos.
César Cielo conquistou o ouro nos 50m livre e nos 50m borboleta, duas provas que ele nunca irá esquecer. O nadador brasileiro ainda foi escolhido por voto popular, como representante da América do Sul na cerimônia de encerramento.
Depois desse brilhante desempenho de Cielo, a pergunta que não quer calar é: ”Alguém consegue ser mais rápido do que o nosso campeão?” Isso só o tempo dirá, porém, achamos que o primeiro desafiador a altura dele seria o próprio Cielo.
O que aconteceria caso o César dos 50m livre e o dos 50m borboleta se enfrentassem raia a raia?
A resposta é muito intrigante, utilizando os tempos deste mundial para comparação (21,52s no estilo livre e 23,10s no estilo borboleta) e fazendo o cálculo da velocidade média de cada estilo, o nadador do nado livre chegaria ao final da prova com uma vantagem de aproximadamente 3 metros e 42 centímetros na frente do que estaria nadando borboleta. Ou seja, quase dois corpos de vantagem! Isso fica ainda mais intrigante se comparada a pequena diferença de pouco mais de um segundo nos tempos destas provas.
O que se deve essa tamanha diferença na velocidade dos estilos? Que fatores contribuem para que o atleta se desloque com maior ou menor facilidade?
Como a física pode ajudar a explicar isso?
Bem, como consideramos o mesmo nadador e a mesma piscina, fica claro que o diferencial entre os dois tempos é o estilo do nado. Acontece que no nado livre (ou o crawl como é mais conhecido) o atleta fica com o corpo todo paralelo a superfície da água, somente seus braços saem da água para realizar o movimento de impulsão. A força associada a resistência da água – força de arrasto- está basicamente concentrada nos ombros e cabeça.
Por outro lado, no nado borboleta, o atleta nada numa posição mais inclinada em relação à superfície da água e tem que lançar boa parte do seu corpo para fora d’água para, então, pegar novamente impulso e continuar a se locomover. Devido a isso, o nadador tem uma área frontal muito maior para ser “deslocada” contra a água, enfrentando assim uma resistência mais forte ao seu movimento. Como também, ele perde tempo e energia cinética subindo e descendo o corpo. Obviamente, existem outros fatores relevantes do ponto de vista físico e psicológico do atleta que influenciam o resultado. Mas, podemos afirmar que a força de arrasto que se opõem ao deslocamento do atleta é maior no nado borboleta do que no livre. Portanto, este aspecto teve grande parcela de culpa pela derrota de César Cielo na prova de nado borboleta contra ele mesmo na prova de nado livre.
A física dos esportes foi até Xangai para responder as perguntas!
(Esta materia foi escrita por Kauê Luan P. Azevedo, aluno de Licenciatura em Física da UERJ)
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Orientação: o esporte que usa a bússola
A quinta edição dos Jogos Mundiais Militares aconteceu neste mês de julho, pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. Neste evento foram disputados esportes tradicionais e outros desconhecidos pela maioria dos cidadãos civis, entre eles, destaco a modalidade a Orientação. Este esporte, disputado por homens e mulheres, tem por objetivo avaliar a capacidade do atleta ou da equipe em se orientar com ajuda de uma bússola e um mapa em território inóspito. As provas são divididas em percurso médio, com cerca de 45min, e longo, estimado em 1h15min. Na competição, o atleta precisa passar por diversos pontos de controle pré-determinados no menor tempo possível, até atingir a linha de chegada. A Orientação surgiu na Suécia, no fim do século 19, com a evolução de bússolas mais confiáveis na década de 30 a modalidade cresceu, mas somente em 1965 teve o seu primeiro campeonato militar internacional. Nesta edição do JMM foram inscritos 209 atletas de 28 países para disputas as provas de Orientação.
Atribui-se a invenção da bússola aos chineses a mais de 2000 anos A.C. Aquela época, a bússola consistia em uma agulha imantada magneticamente boiando num recipiente com água. Desde então, foi largamente utilizada em navegação devido à propriedade da agulha alinha-se na direção do campo magnético terrestre, apontando para o norte magnético. Em primeira aproximação, podemos dizer que o campo magnético produzido pela Terra tem a forma de um dipolo magnético, e sua intensidade varia ponto a ponto sendo maior nos pólos norte e sul geográfico. Vale lembrar, que os pólos geográficos não coincidem com os pólos magnéticos, ou seja, o que é pólo norte geográfico é pólo sul magnético e vice-versa.
Hoje em dia, ainda é objeto de pesquisa entender a origem e a forma do campo magnético terrestre, sabe-se que no interior do nosso planeta há muito ferro e níquel, que são materiais magnéticos. Os materiais magnéticos, mais conhecidos como imãs, possuem a propriedade de se atraírem ou se repelirem, e todos eles produzem um campo magnético entorno de si mesmo. Desta forma quando a bússola aponta para o norte magnético terrestre é porque o “sul” da agulha imantada está sendo atraído para lá.
Com o advento do GPS (sistema de posicionamento global) a bússola já não é tão utilizada como recurso de orientação nos transportes coletivos, mas ainda tem grande valor por ser um instrumento simples e de fácil acesso. Portanto, saber manipulá-la é de suma importância para garantir segurança em situações de risco, e é justamente nesta vertente que o esporte Orientação tenta aprimorar esta destreza.
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