Professora de física confirma: vento tirou medalha de ouro de Fabiana Murer no Pan 2011 no México
Ela explica que
a ação do vento durante as práticas esportivas pode tanto beneficiar quanto
prejudicar o desempenho dos atletas
AJESPORTES - Coordenados por
Rosana Bulos Santiago, professora do Instituto de Física da Uerj, os estudos têm
comprovado a significante e às vezes até mesmo determinante influência do vento
nas diversas práticas esportivas e, conseqüentemente, nos resultados. Com isso,
de acordo com a professora, dependendo de cada situação específica essa
influência pode ser tanto benéfica quanto maléfica.
Os estudos sobre a influência do vento nos
esportes têm encontrado resultados mais significativos naqueles praticados
individualmente. Segundo Rosana, a não conquista da medalha de ouro por Fabiana
Murer mês passado no Pan 2011, ocorrido no México, foi resultado praticamente
direto da ação do vento no momento de sua apresentação. “Fabiana Murer
justificou a perda da medalha de ouro por conta do vento ter mudado de
intensidade. Ela relatou que fez o aquecimento com o vento forte e a favor, mas
teve que esperar duas horas para saltar. Na hora de sua apresentação, o vento já
era outro e, portanto, ela não teve como se recondicionar para aquela situação.
Nas provas de corridas, os recordes somente são homologados para velocidade de
vento inferior a 2,0 m/s, ou seja, quando o sentido do vento está na mesma
direção do deslocamento do atleta”, afirma a professora.
Diante de tal problemática, Rosana acredita que a
ação do vento também pode proporcionar um espetáculo à parte aos espectadores.
“Por exemplo, no futebol, existem algumas situações que favorecem o cobrador de
falta, outras desfavorecem. Quando se chuta uma bola de ‘três dedos’ – quando o
jogador chuta com a parte externa do pé – ela sai girando e o fato de haver
resistência do ar no meio faz uma diferença de pressão entre o lado superior da
trajetória da bola e o inferior, resultando nas curvas imprevisíveis (como foi o
caso do gol do lateral Maicon pelo Brasil contra a Coréia do Norte na última
copa do Mundo). Além da resistência do ar, caso o vento esteja presente, outros
efeitos irão surgir modificando a trajetória da bola”.
Para a professora Rosana, pensar a construção de
centros esportivos em função dos efeitos físicos, tal como o vento, é uma outra
questão de difícil solução, pois outros fatores também são relevantes, tais como
a preservação do meio ambiente, o fácil acesso pelos usuários nas grandes
cidades etc. “O que realmente deve ser levado em conta são os efeitos que o
vento, assim como a altitude, acarretam nas diferentes modalidades. Isto é
fundamental para tornar a metodologia da competição mais justa. Por exemplo,
deve-se criar regras mais flexíveis, caso o vento fique muito forte. Lembro de
recentemente ter visto na televisão um episódio em que o goleiro de um
determinado time de futebol lançou a bola e o vento era tão forte que a bola
voltou e foi para fora do campo. Em outras pesquisas, dessa vez com foco nas
modalidades de corrida, calculamos matematicamente e observamos que se fosse
considerada a velocidade do vento muitas classificações seriam alteradas. O
atleta que disputa com vento “contra” é muito prejudicado”, diz.
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