sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vento tirou medalha de ouro de Fabiana Murer no Pan 2011


Professora de física confirma: vento tirou medalha de ouro de Fabiana Murer no Pan 2011 no México

Ela explica que a ação do vento durante as práticas esportivas pode tanto beneficiar quanto prejudicar o desempenho dos atletas
AJESPORTES - Coordenados por Rosana Bulos Santiago, professora do Instituto de Física da Uerj, os estudos têm comprovado a significante e às vezes até mesmo determinante influência do vento nas diversas práticas esportivas e, conseqüentemente, nos resultados. Com isso, de acordo com a professora, dependendo de cada situação específica essa influência pode ser tanto benéfica quanto maléfica.
Os estudos sobre a influência do vento nos esportes têm encontrado resultados mais significativos naqueles praticados individualmente. Segundo Rosana, a não conquista da medalha de ouro por Fabiana Murer mês passado no Pan 2011, ocorrido no México, foi resultado praticamente direto da ação do vento no momento de sua apresentação. “Fabiana Murer justificou a perda da medalha de ouro por conta do vento ter mudado de intensidade. Ela relatou que fez o aquecimento com o vento forte e a favor, mas teve que esperar duas horas para saltar. Na hora de sua apresentação, o vento já era outro e, portanto, ela não teve como se recondicionar para aquela situação.  Nas provas de corridas, os recordes somente são homologados para velocidade de vento inferior a 2,0 m/s, ou seja, quando o sentido do vento está na mesma direção do deslocamento do atleta”, afirma a professora.
Diante de tal problemática, Rosana acredita que a ação do vento também pode proporcionar um espetáculo à parte aos espectadores. “Por exemplo, no futebol, existem algumas situações que favorecem o cobrador de falta, outras desfavorecem. Quando se chuta uma bola de ‘três dedos’ – quando o jogador chuta com a parte externa do pé – ela sai girando e o fato de haver resistência do ar no meio faz uma diferença de pressão entre o lado superior da trajetória da bola e o inferior, resultando nas curvas imprevisíveis (como foi o caso do gol do lateral Maicon pelo Brasil contra a Coréia do Norte na última copa do Mundo). Além da resistência do ar, caso o vento esteja presente, outros efeitos irão surgir modificando a trajetória da bola”.
Para a professora Rosana, pensar a construção de centros esportivos em função dos efeitos físicos, tal como o vento, é uma outra questão de difícil solução, pois outros fatores também são relevantes, tais como a preservação do meio ambiente, o fácil acesso pelos usuários nas grandes cidades etc. “O que realmente deve ser levado em conta são os efeitos que o vento, assim como a altitude,  acarretam nas diferentes modalidades. Isto é fundamental para tornar a metodologia da competição mais justa. Por exemplo, deve-se criar regras mais flexíveis, caso o vento fique muito forte. Lembro de recentemente ter visto na televisão um episódio em que o goleiro de um determinado time de futebol lançou a bola e o vento era tão forte que a bola voltou e foi para fora do campo. Em outras pesquisas, dessa vez com foco nas modalidades de corrida, calculamos matematicamente e observamos que se fosse considerada a velocidade do vento muitas classificações seriam alteradas. O atleta que disputa com vento “contra” é muito prejudicado”, diz.

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