O
maior velocista de todos os tempos, Usain Bolt, na Olimpíada do Rio
2016, saiu invicto nas três provas de corrida que participou. Fez
os 100m em 9s81, o segundo lugar ficou Justin Gatlin (9s89), e em
terceiro, o novato Andre De Grasse (9s91). Nos 200m rasos, Bolt mais
uma vez nos brindou com uma corrida incrível, conquistando o
primeiro lugar com o tempo de 19s78, seguido pelo canadense De Grasse
(20s02) e o francês Christophe Lemaitre (20s12).
Nesta segunda prova, embora todos os demais corredores tenham ficado com tempos abaixo de 20s, exceto Bolt, o que mais me chamou a atenção foi o desempenho do canadense. De Grasse um rapaz de apenas 1,76m de altura e 70kg, correu de igual para igual ao lado dos altos e musculosos velocistas.
Ao
descrever a biomecânica da corrida, observamos que dois parâmetros
físicos são relevantes para um bom desempenho: o comprimento (L)
das pernas do atleta e a frequência (f) das passadas. Portanto,
para entender o desempenho do canadense vamos usar o resultado da
teoria de O. Helene que calcula a velocidade média (v) dos
corredores ou marchadores em função dessas grandezas e do ângulo
de abertura (teta) das pernas para dar passadas.
V=4fLsen
(teta/2)
Assim,
quando ao comparar Bolt que tem 1,95m de altura com De Grasse na
corrida dos 200m, (supondo que o comprimento das pernas é 0,485H,
onde H é a altura), obtemos que a frequência das passadas de De
Grasse foi f=5,15Hz, enquanto de Bolt foi f=4,67Hz. O que confirma a
minha hipótese, que o baixinho teve que mover mais vez suas pernas
para chegar apenas 0s14 atrás do melhor velocista do mundo.