terça-feira, 15 de agosto de 2017

A despedida de Bolt das pistas de atletismo







A despedida das pistas por Usain Bolt foi marcada por um roteiro que jamais alguém iria prever. O velocista jamaicano, aos 30 anos, em boa forma física, resolve encerrar sua brilhante carreira no Mundial de Londres 2017.

Ganhou o apelido de “Raio” em função das inúmeras vitórias conquistadas. Foram 9 ouros em Olimpíadas e 11 ouros em Mundiais, de 2009 a 2016.

Difícil relatar o frenesi que Bolt produzia no público ao entrar nas pistas! Irreverente, descontraído e altamente confiante! Proporcionou a visibilidade de seu país, a Jamaica, por onde competia. Em todas as provas que participou, lá estava ele, no mais alto degrau, sempre a frente dos outros competidores. Tudo acontecia em breves instantes, detentor dos recordes mundiais dos 100m, 200m e 4x100m, com exíguos 9.58s, 19.19s e 36.84s. Marcas até hoje imbatíveis!

O único atleta que poderia destronar Bolt neste Mundial seria o americano Colleman, já que detinha as melhores marcas de 2017. Mas, poucos apostavam nisso! Nas baterias eliminatórias dos 100m rasos, eles foram uns dos poucos atletas que obtiveram tempos abaixo de 10s, ambos correndo com vento a favor (0,4m/s), Bolt obteve 9,98s, enquanto Colleman 9,97s.

Tudo parecia se encaminhar para o desfecho conhecido, saída lenta devido sua grande massa corporal distribuídos em 1.95m altura, e recuperação nos últimos 60m da corrida. Entretanto, és que surge um personagem inesperado, seu antigo rival, Justin Gatlin, americano que foi severamente banido das competições por quatro anos por dopping.

Carta fora do baralho, este ex campeão Mundial de 2005, cultivava o sonho de vencer o Raio, e magicamente conseguiu na última oportunidade. Venceu com apenas um centésimo de segundo a frente de Colleman e três de Bolt. Pela primeira vez, vimos Bolt perder a liderança, entretanto, sua nobreza deu lugar ao perdão e redenção de Gatlin (9,92s), vistos em sua fala ao pé do ouvido do atleta.

Novas apostas surgiram para prova de 4x100m dias depois. A Jamaica não era o time favorito, mas com Bolt sendo o último homem a fechar a corrida, as chances aumentavam muito. 

Ele entrou diferente, sem sua costumeira alegria contagiante, e o inacreditável aconteceu, após uns trinta metros da sua corrida, o gigante caiu na pista, como nunca havia acontecido, com lesão na perna esquerda, e saiu socorrido pelos companheiros. O Raio mostra sua humanidade, encerra assim seu reinado, e entra para história do atletismo como uma Lenda.



Encerro esta postagem com certa melancolia, porque após estudar por várias vezes suas marcas e aplicá-las ao modelo de Keller, percebo que a relação entre a Física e as corridas não será tão motivadora! Minha homenagem a este gigante vai no slogan que criei para o meu projeto Física dos Esportes:

terça-feira, 13 de junho de 2017

Resistência do ar e vento no lançamento de disco


Na Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016, os atletas que venceram a prova de Lançamento de Disco foram o alemão Harting, com a marca de 68,37m, e a croáta Sandra Porkovic cujo disco alcançou 69,21m. Foram marcas pouco expressivas quando comparadas com os recordes olímpicos.

O interessante desta modalidade é que as mulheres sempre tiveram melhores resultados do que os homens; e algumas marcas atuais serem tão inferiores aos recordes. Aspectos peculiares de acontecerem em outros esportes! Mas, a física explica o porque.

Segundo as regras deste esporte, o disco masculino deve pesar 2kg, ter diâmetro entre 21,9 a 22,1cm e espessura de 44 a 46cm. Enquanto o disco feminino deve pesar 1kg, diâmetro entre 18 a 18,2cm e espessura de entre 37 a 39cm.


O atleta gira uma vez e meia sobre seu eixo longitudinal e lança o disco com braço estendido em direção frontal. A velocidade de rotação atingida pelo atleta, o ângulo do braço com relação ao eixo horizontal e o ângulo de partida do disco feito pela mão com relação ao braço irão definir o bom lançamento. 

Entretanto, o que é mais relevante segundo os resultados apresentados, é o efeito da força de resistência do ar sobre o disco. Esta força, chamada de arrasto, é diretamente proporcional a área frontal do objeto que se desloca no ar. Portanto, como o disco feminino é menos espesso e menor do que o disco masculino, este sofrerá menor força de arrasto, aumentando o tempo de voo.

Outra questão fundamental neste esporte é o vento. Embora a confederação de Atletismo não faça aferição da direção e nem tão pouco sua intensidade no momento do lançamento do disco, este é de fundamental importância para o resultado. 

Destaco que vento é diferente de resistência do ar. A resistência do ar está sempre presente, mesmo que não haja vento. Neste esporte, surpreendentemente, o vento na direção contrária ao deslocamento do disco, ajuda-o a permanecer mais tempo em voo, porque aumenta a força aerodinâmica de sustentação que atua no disco. Por sua vez, quando o vento é a favor, irá prejudicar o alcance do disco! Portanto, o atleta terá melhor resultado se no momento da prova tiver vento contra com grande intensidade.

Em muitas modalidades do atletismo a intensidade do vento e sua direção são aferidos para efetivação de recordes. Não entendo como no Lançamento de disco isto não acontece, especialmente, por ser uma modalidade que participa das Olimpíadas desde a Antiguidade.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Goleiro adiantado: gol garantido

O golaço do Scarpa,

jogador do Fluminense, no jogo contra o Globo-RN, foi impressionante!
Ao perceber o goleiro adiantado Scarpa chutou antes do meio campo para marcar o quarto gol do seu time nesta partida.  A bola percorreu a distancia de 59m em 3s, e entrou no ângulo esquerdo do gol adversário; atingiu a velocidade média de 70.8km/h. O goleiro ao perceber o perigo do chute, correu de volta ao gol, mas não conseguiu segurar a bola.

Os goleiros não são bons corredores porque sua posição exige pouco desta habilidade, e inclusive, na maioria das vezes deslocam-se de ré. Supondo que a velocidade média de qualquer goleiro seja 16km/h, quando posicionados ao final da grande área demorariam cerca de 3.6s para percorrer os 16m e retornar a linha do gol.

Se o tempo de reação humana é entorno de 0.2s, ou seja, é o tempo que leva o indivíduo a dar uma resposta motora devido a uma informação visual. Portanto, o tempo total que o goleiro gastaria para
retornar ao seu lugar, estando adiantado, e fazer a defesa é estimado num total de 3.8s.

Deste modo, fica claro a impossibilidade de defesa do gol do Scarpa, já que, o tempo de retorno do goleiro foi maior do que o tempo de vôo da bola.

Então por quê não acontecem vários gols como este? A excepcionalidade está na destreza do jogador em conseguir fazer tal lançamento certeiro.