Em fevereiro deste ano, Cristiano Ronaldo, do Real Madri, surpreendeu a todos com um lance inusitado ao cobrar um penalti contra o time PSG.
Posicionada a bola sobre o gramado, está desloca-se visivelmente na direção vertical (para cima) mesmo antes dele encostar nela. Como torcedor não deixa por menos, apelidaram de "penalti espírita", "bola com vida própria", entre outros.
A reportagem da TV Interativa do Rio de Janeiro, me contactou para que eu explicar o que de fato aconteceu ali. Claro, que do ponto de vista científico, e desmitificar esta jogada.
Após analisar as imagens e o vídeo entendi o que ocorreu. Cristiano Ronaldo vem correndo pisa forte com o pé de apoio no gramado, exercendo grande pressão neste ponto. (Esta pressão foi feita pela força muscular da perna dele no solo dividida pela área da sola do seu pé). Produzindo, assim uma onda mecânica elástica que propagou-se no solo, e ao passar na região que a bola estava transferiu parte de sua energia para ela subir um pouco.
Observe que uma onda é um ente físico e carrega energia sem necessária mente deslocar o material do solo. Mas, por que somente neste jogo foi aconteceu isso? Por que nas outras tantas cobranças de penalti não aconteceu?
A resposta é simples, as ondas muitas vezes são atenuadas rapidamente, enquanto outras percorrem distancias grandes. Quanto mais compactado o solo maior será a velocidade de fase da onda*, enquanto que em solos massivos, a onda é rapidamente atenuada. Por exemplo, no futebol de areia este efeito não deve ocorrer, mas, muito provavelmente, num campo com piso sintético este efeito deve ser amplificado.
O ideal seria fazer um estudo do gramado e seus constituintes onde ocorreu esta partida e o grau de rigidez do mesmo.
Cristiano chutou a bola ainda no alto convertendo num gol com efeito inesperado. Muito show!
*A velocidade de fase desta onda é calculada matematicamente: a raiz quadrada da razão do módulo de Young divida pela densidade de massa.