Instituto de Física da Uerj une ciências e esportes

Projeto visa ensinar a disciplina de uma maneira simples e divertida

por Davi Vasconcelos Santos25/04/2019

A Física dos Esportes, projeto de extensão criado pela professora adjunta do Instituto de Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Rosana Bulos Santiago, surgiu da necessidade de tornar o ensino da disciplina no nível superior mais tátil e atraente para os alunos. Ele é produto de uma parceria da Universidade com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para atrair as Olimpíadas para a capital em 2016. “O meu projeto nasceu da necessidade de inovar o ensino de física [...]. Por um gosto pessoal, já vim com essa ideia de juntar física e esportes, pois sempre gostei e acompanho esportes”, diz Rosana.

O projeto busca estabelecer um diálogo dos esportes não apenas com a física, mas também com outras áreas do conhecimento como a geologia e a química. Os exemplos usados em sala de aula, retirados de eventos esportivos, permitem essa abordagem multidisciplinar, como explica a professora. “Falando de física dos esportes, posso falar de biologia, química, posso usar a matemática, posso falar um pouco sobre geologia. Na contextualização, trago para sala de aula algum acontecimento do final de semana como uma partida de vôlei ou uma partida de futebol e descrevo fisicamente”.

Tecnologia e esportes

Umas das questões esportivas mais discutidas fora dos campos, quadras, ginásios e pistas é a tecnologia empregada nos treinos e competições. Desde a década de 1970, todas as modalidades esportivas se valeram do boom tecnológico para tornar as competições mais justas e maximizar o desempenho dos atletas. Os materiais esportivos como chuteiras, camisas e bolas se tornaram mais leves e performáticos, mas exigem um alto investimento por parte do esportista. “Diante disso, vemos que a pesquisa de materiais tem evoluído muito, apesar de ainda os custos serem altos, tanto para produção quanto para compra pelo atleta profissional ou pelo amador”, avalia Rosana.

Os novos materiais são uma parte do atual arsenal de recursos dos esportes. Os uniformes, por exemplo, são produtos de constante aprimoramento tecnológico. “A engenharia de materiais primeiramente buscou uma camisa mais leve, que levou ao nylon. Contudo, este tecido não deixava o corpo do atleta respirar, pois esquenta muito rápido. Coisa que foi conquistada pelo Dry-Fit, consistindo em um tecido leve, permitindo o corpo respirar”, explica a professora.

Menos suor e videogames realistas

Os tecidos Dry-Fit e Climacool, produzidos, respectivamente, pela Nike e pela Adidas, permitem a ventilação do corpo, evitando que a roupa fique encharcada de suor. Além de ganhar peso extra, o que afeta o seu desempenho, a roupa molhada em contato com o corpo expõe o atleta a doenças como gripe ou pneumonia.

Uma das áreas que a física dos esportes também estuda são os chamados simuladores esportivos para videogames ou os jogos de esportes como FIFA, Madden NFL e UFC produzidos pela divisão de esportes da Eletronic Arts, a EA Sports, fora outros como F1: The official videogame, produzido pela Codemasters. A cada versão lançada, os fenômenos físicos como o movimento, por exemplo, parecem mais realista. A professora observa que, por trás dos designs e gráficos, há um time que entende bastante de física. “A interface que vemos não é somente bonita. Há por trás disso programadores e físicos que escrevem um código cheio de expressões que faz o programa (jogo) para aquele que estiver em casa usar perfeitamente com o mínimo de esforço possível”.

A Física dos Esportes interessa em primeiro lugar a alunos e professores, que podem aprender e ensinar física de um modo novo e mais descontraído. Mas interessa também ao público em geral, que pode assim entender fenômenos estudados pela física sem se deparar com complexas fórmulas matemáticas.

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