terça-feira, 31 de agosto de 2021

Isaquias, medalha de ouro na canoa C1

 

No dia 6 de agosto de 2021, o canoísta Isaquias ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas de Tókio.  Numa prova individual, ele remou, em pouco mais de quatro minutos e cinco centésimos de segundo (4:05:408), os 1000m, deixando em segundo e terceiro lugar a China e a Moldávia.  Isaquias fez uma prova brilhante, nem a chuva, nem o vento que hora apareciam e hora sumiam o intimidaram.  Ele volta pra casa com mais duas medalhas no pescoço, ouro e prata, pra se juntarem as outras conquistadas na Rio-2016.


Ao final da prova, o comentarista da TV aberta, em meios a tantos elogios e palavras que tentavam descrever a façanha do atleta, nos brindou com o seguinte comentário: "...toda vez que o Isaquias afunda o joelho (dentro da canoa), o barco vai para frente e ganha velocidade!"  A primeira vista o comentário dele até pode fazer certo sentido, já que visualmente é isso mesmo que acontece. Mas, da maneira que a frase foi construída dá a sensação que é o joelho que faz a canoa se deslocar na raia aquática.

Na verdade, este é um erro comum que acontece, é a chamada concepção espontânea sobre um determinado fenômeno físico.  É o que o indivíduo explica para o que está vendo porém, não está de acordo com o conceito físico ou científico. No caso particular desta modalidade esportiva, dentro da canoa o atleta fica com uma das pernas ajoelhada e a outra fica dobrada a frente com o pé apoiado no casco. O corpo fica ereto com remo em punho em um dos lados da canoa.  No caso do Isaquias, ele rema do lado direito, portanto, o joelho direito fica ajoelhado e perna esquerda dobrada a noventa graus.

Assim, durante cada remada, a perna esquerda faz um movimento que parece "afundar" dentro da canoa. Na verdade, o corpo inclina-se para frente, fazendo com que o ângulo entre perna e a coxa esquerda diminua o ângulo no início da remada.  Mas, este movimento não produz efeito sobre o deslocamento direto do barco, simplesmente porque  "forças internas não produzem movimento", isto é consequência da segunda lei da Mecânica clássica enunciada por Isaac Newton.  A força imposta pela perna é somente dentro do barco, logo não altera o movimento.

É fácil entender,  basta fazer a seguinte experiência, vamos supor que a prova fosse sem remo, somente através do movimento das pernas dentro da canoa, tentem fazer isso, logo verão que a canoa não sairá do lugar!

O que faz a canoa se movimentar e ganhar cada vez mais velocidade é sem dúvida a boa remada que o atleta tem. A posição do atleta dentro da canoa é de tal modo anatômica que facilita o desempenho da remada.   Assim, o remo empurra a água para trás, e a água deslocada empurra a canoa para frente. Esta é a terceira Lei de Newton aplicada ao movimento da canoa deslizando na água.

 

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