As Olimpíadas de Tókio 2020 aconteceram em agosto de 2021 devido a pandemia do covid19. Muitas alterações na conduta dos jogos foram necessárias em vista de garantir um ambiente seguro, no que se refere a propagação do vírus, para as equipes e a população local. Por isso, não foi possível ter espectadores nos locais dos jogos, no entanto, estes foram amplamente transmitidos pelas emissoras de TV (no Brasil somente a Globo) e pelas plataformas de internet.
Durante 15 dias, os olhos se colocaram nas telinhas para acompanhar muitas modalidades esportivas. Eu, particularmente, quando o sono não atrapalhava, consegui acompanhar várias provas esportivas pela televisão aberta.
Aqui quero chamar a atenção para dois comentários que ouvi durante as transmissões, e que me fizeram refletir como o ensino de Física falhou com estes comentaristas.
Um deles foi na disputa da medalha de ouro do Volei de quadra masculino. Jogavam os times da França e Rússia. A certa altura o comentarista lançou a seguinte pérola: " Ele tirou o peso da bola", após a cobrança de saque do time francês. O peso é uma grandeza física que é o resultado da multiplicação da massa do bola vezes o valor da aceleração da gravidade. Logo, não é possível alterar este valor com alguma técnica ao cobrar o saque do volei. Acredito que o comentarista saiba disso, mas na sua linguagem falada não toma o devido cuidado para reproduzir o movimento da bola ao ser lançada com pouca força pelo atleta e com grande ângulo de partida. Sei que é difícil mudar esta maneira de se referir a um "saque balanceado", porque está tão internalizado na cognição que faltam palavras pra expressá-lo no decorrer da emoção.
No entanto, a influência que um comentarista tem é tão grande que quando avaliamos as concepções espontâneas dos estudantes observamos este mesmo ponto de vista.
Não somente por isso, mas há uma parcela de contribuição, que os conceitos, conteúdos e resultados científicos perdem sua credibilidade na sociedade, porque são colocados de maneira ingênua e errônea no cotidiano.
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