quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Será que foi realmente o melhor tempo do ano?




Havia uma grande expectativa sobre o desempenho de Usain Bolt no Mundial de Atletismo realizado na cidade de Daegu - Coréia do Sul. Essa expectativa se justifica, pois era a maior competição do ano, além do atleta estar vindo de uma lesão. Na prova classificatória Bolt obteve o resultado de 10,10 s, se classificando para a semifinal, prova em que obteve o resultado de 10,05 s. Esse tempo obtido na semifinal colocou na final com o segundo melhor tempo, fazendo com que corresse na raia 5. Na final houve uma grande surpresa, Bolt queimou a largada, sendo desclassificado. Em uma nova largada, o atleta jamaicano Yohan Blake venceu a prova, se tornando campeão mundial dos 100 metros com o tempo de 9,92s. Junto com a classificação final contendo o tempo de cada atleta, é divulgada a informação sobre a condição do vento durante a prova, como pode ser visto no site da competição (http://daegu2011.iaaf.org/ResultsByDate.aspx?racedate=08-28-2011). Nessa prova o vento estava a -1,4 m/s. 

O que significa o sinal de negativo na velocidade do vento?
Para caracterizar o vento temos o sinal, negativo ou positivo, para informarmos o sentido do vento. No caso desta prova a direção era a mesma do deslocamento do atleta e o sentido era oposto ao movimento dele, já que temos o sinal negativo.

O vento é de fundamental importância em provas curtas (como é a prova de 100 metros), como podemos observar pelo critério de vento com velocidade máxima de 2m/s para homologação de recordes. Isso ocorre devido a influência do vento na força de arrasto, ao qual o atleta é submetido ao se locomover.
Após a final do Mundial Bolt declarou que iria buscar a melhor marca do ano na prova, fato que ocorreu no dia 16/09 em Bruxelas – Bélgica. Ele obteve o resultado de 9,76 s com o vento a 1,3 m/s. Mas, se pudéssemos comparar os resultados em condições iguais de vento, essa seria a melhor marca do ano até o momento?
Para realizarmos essa comparação “mais justa” temos um modelo físico-matemático, proposto por Pritchard em 1993, que propõe uma forma de comparar através de uma equação baseada em conceitos da mecânica dos fluidos e algumas considerações.
Ao aplicarmos esse modelo para o tempo de Bolt obtemos o tempo de 9,83 s como se ele tivesse corrido com vento nulo. Fazendo o mesmo procedimento para o resultado de Blake no mundial, prova disputada com o vento contra, temos o tempo de 9,83 s. Por isso, ao compararmos essas duas performances “teríamos um empate”. Ao consultar o site da IAAF pode-se observar que Blake teve seu melhor desempenho com o tempo de 9,82 s, em Zurich, na Alemanha, com o vento nulo. Daí podemos dizer que se levarmos em consideração as contas desse modelo Bolt ainda não teria atingido seu objetivo. 

(Postagem de Osmar Preussler Neto, Professor de Física da rede estadual do RJ)
Esta corrida pode ser visualizada no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=V_Cv4HSWeaM

A Falsa Largada de Bolt em Daegu



O Mundial de Atletismo que ocorreu este ano na Coréia do Sul, na cidade de Daegu,  trouxe á tona uma série de questionamentos, antes não levantados pelos telespectadores que apreciam as provas de pista.  Esta parte do atletismo, disputada deste os tempos das primeiras olimpíadas na Grécia (776 A.C.), tem tradição e público cativo mesmo nos tempos modernos.  É capaz de levar multidões de pessoas as arenas de competições.    A corrida de 100m rasos é a mais esperada por todos, embora polêmico do ponto de vista de definição física, atribuiu-se o título de “Homem mais rápido do mundo” ao vencedor desta prova.  Nos últimos campeonatos, ninguém foi mais rápido do que Usain Bolt; atleta jamaicano que venceu o Mundial da Alemanha 2009, com o exíguo tempo de 9.58s!
Afastado das competições desde os meados 2010, Bolt era aguardado em Daegu. Nas eliminatórias ele cruzou o percurso com facilidade, 9.86s, bem a frente dos seus concorrentes. Mas o inesperado foi vê-lo queimar a largada e ser desclassificado na final dos 100m!  Para nós que víamos a prova pela televisão, ficou a pergunta: Como Bolt instantaneamente soube que foi ele quem havia largado antes do sinal sonoro tocar? Como que os jurados em tão poucos instantes atestam a falsa largada? 
Nas provas de corrida de curta distancia o tempo mínimo admitido para um corredor sair da inércia e começar seu movimento de partida é 100ms após o tiro sonoro (suponho que este tempo esteja relacionado ao tempo mínimo de reação humana a um estímulo auditivo). 
Mas, aos olhos nus, isto é quase imperceptível!   
Nestas provas de corrida são colocados blocos de partida com sensores capazes de atestar a variação de pressão dos pés dos atletas ali encostados.  Através de software adequados são produzidos gráficos de intensidade da pressão em função do tempo para cada corredor, que discutiremos a seguir e por nós obtidos no site científico http://www.sportsscientists.com/ .
A figura apresenta a intensidade dos pés dos atletas Wallter Dix (raia 4, a superior), Bolt (raia 5, do meio)e Blake (raia 6, de baixo).  As linhas verticais em cada raia representam os seguintes instantes: a cinza significa o momento do tiro sonoro, a verde o tempo mínimo da largada, e a vermelha o momento que de fato o atleta largou.   Como pode ser verificado Bolt largou 104ms antes do disparo. W. Dix 139ms e Blake 153ms, ambos após o tiro.  
Vendo este gráfico não há dúvidas que Bolt queimou a largada e ele mesmo percebeu que saiu antes do disparo!   
Mas, por que isso aconteceu?  Bolt sabia que seus concorrentes não apresentavam tempos que o assustassem.  
Olhando ainda esta figura observa-se uma pequena alteração na raia do Blake  (círculo) que talvez represente uma tentativa de partida dele antes do sinal sonoro. Talvez, e muito talvez, este pequeno movimento tenha, enganosamente, levado Bolt a se antecipar, e partir antes da hora! 
No mais, somente ele mesmo para dizer! 





terça-feira, 20 de setembro de 2011

Fabiana Murer: Campeã Mundial de Salto com Vara em 2011

Ao saltar 4.85m em Daegu, na Coréia do Sul, Fabiana Murer conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil em Mundiais de Atletismo em pista aberta. Motivo de orgulho para a nossa nação que além de passar por uma fase ruim neste esporte, nunca teve um atleta que chegasse tão longe nesta modalidade!

O auge do sucesso de Fabiana aos 30 anos é resultado de uma longa trajetória de empenho e dedicação individual, somado ao seu talento. Devido à falta de investimentos no Brasil, os salários e viagem da sua pequena equipe são pagos por uma empresa privada, incluindo aí, seu técnico Elson Miranda, e a co-orientação do russo Petrov, há 10 anos.


Imediatamente após o encaixe da vara, o movimento do corpo da atleta pode ser visto como de lançamento de projétil (catapulta). Atingirá grandes distancias a medida que a velocidade de chegada da atleta for a maior possível e o ângulo da vara com relação ao solo seja o mais próximo de 45º. Fabiana surpreende a todos por ter domínio absoluto de sua técnica; após finalizar seus 18 precisos passos atingi 29,8km/h, e é uma das poucas atletas que consegue encaixar a vara no poço de uma maneira quase ideal!

Por outro lado, todo esforço desta atleta fenomenal seria em vão se o aprimoramento dos novos materiais de carbono não estivesse tão avançado! Possibilitando a produção da vara de fibra de carbono e resina de epóxi com núcleo de fibra de vidro, material bastante leve e flexível. Medindo 4,6m, pesa apenas 2kg.


 http://www.youtube.com/watch?v=yKaF4RD7dtI

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Emanuel: Tricampeão Mundial de Volei de Praia

Quando criei este blog, decidi que ele não seria do tipo que descreve os acontecimentos ocorridos pelo autor, e sim resultado de uma reflexão de conteúdos científicos contextualizados no dia a dia dos diversos esportes. Mas, hoje me permito quebrar esta regra, e contar o que vi nesta manhã de pouco sol, na praia do Leme, no RJ. Fui brindada ao esbarrar ocasionalmente com o treino do consagrado jogador de vôlei Emanuel e seu recente parceiro Alison Cerutti, atuais detentores da medalha de ouro do Mundial de Vôlei 2011, ocorrido em Roma.
Emanuel é um dos maiores atletas desta modalidade, nem tanto pela sua altura de apenas 1.90m (para o vôlei, considerada estatura mediana), mas sim no que se refere às inúmeras vitórias e títulos ao longo de sua carreira. Ele é tricampeão Mundial (2011, 2003, 1999), campeão olímpico em Atenas (2004), bronze em Pequim (2008). Foi escolhido como o Atleta da Última Década do Século na votação patrocinada pela Federaçao Internacional de Volei (FIVB), e atualmente é o maior vencedor do Circuito Mundial de Vôlei de Praia. Calculem a minha emoção ao me dar conta que eu era a única pessoa que constituia a platéia naquele momento mágico!
As jogadas são exaustivamente repetidas, saques, levantadas, cortadas, sequências com combinações dos fundamentos, entre outros. Como não poderia deixar de falar de física, pude perceber o recurso do levantamento via manchete, possibilitando o atacante ganhar mais tempo, vencer a dificuldade de deslocamento na areia por conta do grande atrito, e alcançar a bola. Diferentemente do volei de quadra quando o levantamento é feito com o movimento chamado “toque”, no levantamento via manchete a bola ganha um movimento muito mais verticalizado, ou seja, a componente da velocidade da bola na vertical é bem maior do que a da horizontal. De modo que a técnica de recepção do atacante também é diferente daquela do volei de quadra, e creio eu, um pouquinho mais difícil. Lamentei não ter levado meu celular para filmar o que vi !