sábado, 27 de dezembro de 2014

Medina é dez


Nosso garoto, o Medina, com apenas vinte anos, é o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de surf! Ele esteve à frente dos grandes ídolos deste esporte ao longo do ano todo, mas o que merece destaque foi o fato dele ser o único atleta a ganhar nota 10 (dez) nesta última etapa do campeonato mundial no Havaí. Essa nota foi conquistada após ele dominar um “tubo perfeito”!

Em geral, os juízes pontuam bem quando o surfista consegue permanecer bastante tempo no interior do tubo d’água, mas isto depende de vários fatores relativos à propagação e forma da onda, bem como, da habilidade do surfista.  Ao descer a onda e entrar no tubo, a velocidade do sistema surfista-prancha é composta por três componentes fundamentais: velocidade de propagação da crista da onda, velocidade tangencial de turbulência da onda e velocidade devido à aceleração da gravidade.

A primeira diz respeito à velocidade de propagação da onda, uma vez que em um bom “swell” de período longo (15-20s) a velocidade da crista da onda escala com o período temporal e pode chegar de 20-25km/h! Sendo assim, inicialmente a remada do surfista tem que impulsioná-lo a uma velocidade superior à da crista da onda, de modo que ele possa pegá-la, caso contrário, a onda o engolirá.

À medida que o tubo vai se formando, o surfista tenta ir até a base da onda para manter-se dentro do tubo. Entretanto, isto é dificílimo, porque a onda tende a rodá-lo como uma roupa dentro de uma máquina de lavar!
Aí o surfista brinca com o fato de seu sistema (ele e sua prancha) estar sujeito à gravidade e vai controlando o seu equilíbrio durante o movimento de queda livre, deixando não toda, mas apenas parte das superfícies lateral e inferior da prancha em contato com a água.  Técnica esta muito similar a aquela que os skatistas usam para descer corrimãos!

Uma vez chegando à base do tubo ele tenta sair dali e retornar rapidamente para a crista da onda, pois à medida que a onda se propaga na direção de profundidades menores, a velocidade de propagação da base da onda se torna menor do que à velocidade da sua crista, e o tubo se fecha e a onda se quebra. Para conseguir escapar desta última “armadilha” da natureza, o surfista usa sua habilidade para colocar boa parte da superfície inferior da prancha em contato com a parede d’água, para que esta o coloque de volta na crista, antes que o tubo se feche por completo.  Nestes segundos finais, o surfista aproveita o movimento de rotação ascendente da onda para sair dela antes que o tubo se desfaça.

O sucesso dessas três etapas maximiza a permanência do surfista no interior do tubo, e isto é uma parcela importante em sua nota.  Por isso, fazer essas “manobrazinhas” aparentemente triviais, de uma cinemática também muito “simplesinha”, dentro de ondas de 3-4m em alguns poucos segundos é apenas para super-humanos, como o nosso “Garoto de Maresias”.


Aloha, boas ondas, um Feliz Natal e um Próspero 2015 para todos!

(Matéria postada pelo Dr. Luiz G. Guimarães, professor associado da Coppe-UFRJ)

Brasil campeão piscina curta 2014



O Brasil fez bonito na natação em piscina curta. Terminou em primeiro lugar no campeonato Mundial no Quatar. Felipe França e Etiene Medeiros foram os nomes do campeonato, ele ganhou cinco medalhas de ouro, ela trouxe a primeira medalha de ouro em mundiais na categoria individual feminino. Não apenas este feito, como também a atleta quebrou o recorde mundial da prova de nado de costas! Que show!

O nado de peito, especialidade de Felipe França, é o que tem a menor velocidade média se comparado as outras modalidades. Isto acontece porque a maior parte do corpo fica submersa ao longo de toda prova, aumentando assim, a força de arrasto produzida pela água.   


Diferente dos outros nados, a maior propulsão não vem dos braços, mais sim das pernas. 
A velocidade imposta pelo atleta não é constante ao longo de um ciclo, existe um momento em que os braços e as pernas flexionam-se juntos, aproximando-se do tronco, e é justamente aí que a velocidade instantânea do nadador cai muito. 
E lembrar que Felipe parou de competir após a última Olimpíada devido ao baixo desempenho naquela competição, ele voltou com tudo, emagreceu 20kg e acelerou!