sexta-feira, 20 de junho de 2014

Do rádio a válvula ao relógio de pulso que diz ao juiz se foi gol

Do rádio a válvula ao relógio de pulso que diz ao juiz se foi gol
POR CARLOS ALBERTO TEIXEIRA



RIO - Desde a primeira Copa do Mundo, em 1930, a tecnologia vem evoluindo a um ritmo cada vez mais frenético. Os aficionados pelo esporte que não puderam assistir às pelejas da primeira Copa nos estádios acompanharam as partidas pelo rádio. Mas o rádio daqueles tempos era um verdadeiro móvel, geralmente adornando a sala de estar dos mais abastados. Os modelos mais avançados eram uma caixa com design apurado, com um dial e dois botões: volume e sintonia. Todos os aparelhos eram equipados com válvulas eletrônicas que exigiam, para começar a ouvir qualquer som, aguardar alguns segundos logo depois de ligar o monstrengo, para esquentar as válvulas.

Com a invenção do transistor em 1947, os circuitos eletrônicos ficaram bem menores, mas só em 1954 foi criado o primeiro rádio transistorizado, o Regency TR-1. Seis anos depois, em 1960, a Sony lançou seu radinho de pilha de bolso, aparelho que se tornou universal. As baterias eram pequenas, e o aparelho era bem durável, graças à “avançada” eletrônica japonesa.

A primeira transmissão comercial de TV foi feita pela americana CBS, em 1931, mas a Copa só teve cobertura pela televisão em 1954, em preto e branco, e ainda para poucos países. Na seguinte, em 1958, deu-se a primeira transmissão televisiva em escala considerada mundial. E em 1966, foram introduzidos equipamentos para replay, e o videotape estreava.

Em 1953, começaram oficialmente as transmissões de TV a cores, pela NBC, mas só 17 anos depois, em 1970 no México, aconteceu a primeira transmissão colorida da competição, que também marcou o primeiro uso de replays em câmera lenta e a primeira transmissão realmente mundial do evento via satélite.


“Com a chegada da cor, a natureza dos esportes como entretenimento mudou para sempre. A imagem tinha mais informação, liberando os comentaristas e narradores de serem tão radialistas, podendo focar em outros aspectos, tais como o desempenho de jogadores”, disse Iain Logie Baird, curador de TV no Museu Nacional de Mídia, no Reino Unido.

A primeira transmissão de TV via satélite foi feita da Europa para os EUA em 1962, por meio do satélite Telstar. E, a Copa de 2010, na África do Sul, marcou a História por ter sido a primeira a ser transmitida pela TV em Full HD e também, em baixa resolução, via dispositivos móveis, como smartphones e os primeiros tablets, já que o iPad fora lançado em abril.

Infelizmente, a promessa da nova tecnologia 4K TV para a Copa não se concretizou. A “TV Globo” transmitirá os jogos em 4K em telões urbanos no Rio. Mas não haverá qualquer transmissão ou streaming doméstico dessas partidas em 4K TV.

Dentro de campo, a tecnologia marca importante presença nesta edição da Copa. Será a estreia da GLT (Goal-Line Technology), anos depois de já ter sido introduzida em esportes como tênis e depois de uma experiência de sucesso na Copa das Confederações. Com a GLT, o juiz usa um relógio de pulso que informa inequivocamente se foi ou não gol, graças a 14 câmeras que enviam imagens digitalizadas para uma sala de controle localizada no topo do estádio.

Segundo Tony Shelton, da compilação “Science and Soccer”, avanços tecnológicos foram essenciais em venda de ingressos, organização de logística e de pessoal, gerenciamento de transportes e acomodações, credenciamento e controle de acesso aos estádios.

Em tempo, graças à tecnologia atual, você pode ver de graça no seu computador os principais momentos de todas as finais da Copa, desde a vitória do Uruguai, em 1930, até a vitória da Espanha, em 2010. Basta acessar <http://youtu.be/wdd-PEE5UNE>.


matéria do jornal Globo online, dia 8/6/2014.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A estreia do Brasil na Copa do Brasil

A seleção brasileira estreou na competição contra a seleção da Croácia na Arena de São Paulo. Com dois gols de Neymar (2) e um de Oscar, nossa seleção venceu por 3 a 1. Durante e após a partida os canais televisivos  vem divulgando as diversas estatísticas, como por exemplo, a posse de bola dos times (Brasil 58% e Croácia 42%) e o número de desarmes (Brasil 7 e Croácia 13). Em alguns jogos também apresentam informações da distância percorrida e da velocidade máxima de cada jogador. A FIFA está divulgando em seu site todos estes dados; desse modo, não podemos deixar de analisar a Física envolvida neles.

Qual jogador percorreu a maior distância durante a partida? Qual jogador da seleção brasileira teve maior velocidade máxima? Quem teve a maior velocidade média? Essa e outras questões podem ser respondidas ao analisarmos as estatísticas.  Falando sobre distância percorrida pelos jogadores da nossa seleção temos em primeiro lugar Luiz Gustavo com 11,166 km, Daniel Alves em segundo com 10,348 km e Oscar em terceiro com 9,931 km.
Como houve três substituições, seis jogadores permaneceram em campo por um tempo inferior ao dos outros oito jogadores. Por isso, para uma melhor discussão podemos utilizar o conceito de velocidade média. 

Calculando a velocidade média através da razão entre a distância percorrida pelo tempo em que o jogador permaneceu em campo, o nosso pódio é composto por Ramires com 2,23 m/s, Paulinho com 1,96 m/s e Luiz Gustavo com 1,92 m/s. Isso mostra uma característica dessa seleção brasileira, que os volantes participam intensamente do jogo, atacando e defendendo.  A realização das análises dessas grandezas físicas traz muitas informações sobre o perfil do jogo de cada time.  Em relação à velocidade máxima o pódio ficou formado por Ramires (31,07 km/h) , Bernard (29,23 km/h) e Marcelo (28,87 km/h).

Outro ponto que pode ser abordado é o mapa de “calor” que apresenta os locais por onde o jogador se locomoveu durante a partida.


Na figura acima podemos observar os mapas de Neymar, Oscar e Hulk. Lá podemos ver os posicionamentos de Neymar e Hulk pela direita (Hulk jogando bem próximo da linha lateral), e Oscar pela esquerda. Vale ressaltar, que Neymar e Oscar também tiveram deslocamentos pelo centro, porém, a maior parte dos deslocamentos foi pelas laterais.  

Todas estas estatísticas colaboram para um melhor entendimento da nossa seleção, e para uma melhor armação do próximo time opositor, no caso, o México.  

Postado por Osmar Preussler (Mestrando e Prof. de Física da rede estadual do RJ)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Saltibum: saltos ornamentais


  • Após nove semanas de provas de saltos ornamentais com atores e atrizes durante o programa televisivo do Luciano Huck na rede Globo, o público pode se familiarizar, em parte, com este esporte olímpico pouco divulgado aqui no Brasil. A cada etapa vencida neste programa, a dificuldade imposta aos concorrentes amadores aumentava, literalmente, aumentava a altura da plataforma que eles deveriam saltar (3m; 5m; 7,5m; 10m).

  • O salto ornamental é esporte olímpico desde 1904, e determina que os atletas mergulhem de trampolins de 1m, e 3m e plataforma de 10m de altura, fazendo acrobacias durante o percurso.   Quando o atleta salta da plataforma, a força da gravidade atua sobre ele, imprimindo uma aceleração constante e igual a g= 9,8m/s2, de modo a aumentar sua velocidade continuamente até atingir a superfície da água.

  • Num primeiro momento, para uma análise simples do movimento, podemos desprezar a força associada a resistência do ar, que se opõe a direção de queda do atleta.  Deste modo, é possível considerar a conservação da energia mecânica do movimento, que resulta a obter o valor da velocidade do atleta ao tocar a água (v=sqrt(2gh)). Observe que a velocidade final somente depende da altura da plataforma (h) e da aceleração da gravidade, e não depende da massa corporal do atleta! Portanto, quanto mais alta a plataforma maior será a velocidade atingida por ele ao entrar na água. Para alturas de 3, 5 e 10m as velocidades finais são: 27,6km/h; 35,6km/h e 50,4km/h, respectivamente.

  • Portanto, é totalmente compreensível que os competidores do programa Saltibum tivessem receio de saltar da plataforma de 10m, especialmente, por saberem que a possibilidade de entrar na água corretamente era bem baixa!